Postado em: 1 de agosto, 2018.
Toda empresa que preza pela longevidade mantém-se funcionando por contratos e relação de negócios satisfatórios. Os dirigentes pagam bons salários e os funcionários correspondem às exigências. Mas o fortalecimento da organização e sucesso do empreendimento depende muito mais da relação de confiança que se constrói ao longo dos anos.
A história a seguir mostra a relação entre bens materiais e amizade, que geralmente passa por provações e pode ou não se consolidar.
O valioso tesouro do rei*
Um rei recebeu a notícia de que um amigo que governava um reino distante havia falecido, deixando-lhe, em testamento, um valioso presente. Ainda abalado com a notícia, reuniu seus conselheiros e designou, entre eles, aquele a quem confiaria a tarefa de fazer a jornada que traria tal tesouro.
O conselheiro escolhido, sabendo das dificuldades que encontraria pelo caminho, organizou uma caravana bem equipada e partiu. Durante meses, percorreu terras inóspitas, enfrentou saqueadores, passou até privações, mas conseguiu retornar com a presente a salvo.
Reunida toda a corte, o rei recebeu, embrulhado num manto, um pequeno baú ricamente ornamentado. Abriu-o e, para surpresa geral, retirou de dentro um belíssimo cálice, lendo em seguida a oferta do amigo rei: um cálice de diamante para um amigo que vale ouro.
Entretanto, um outro conselheiro, invejoso da façanha e do prestígio do colega escolhido para a viagem, chegou junto ao rei e sussurrou um poderoso veneno:
– Majestade, quem garante que esse é o cálice verdadeiro? E se vosso escolhido o trocou por um cálice de cristal, como sabê-lo?
Tomado pela intriga, o rei imediatamente chamou todos os sábios da corte e designou que eles dissessem como saber se aquele cálice era realmente de diamante e não de cristal. Houve um alvoroço geral. Os sábios se recolheram, confabularam, consultaram seus escritos antigos e retornaram dizendo:
– Majestade, infelizmente não existem instrumentos para identificar cristais e diamantes depois de lapidados. A única maneira de diferenciá-los seria quando se quebrassem: o cristal se parte em pequenos pedaços, o diamante, em pedaços grandes.
Diante do impasse que tomou o recinto o rei fez um gesto que chamou a atenção de todos. Pegou o cálice delicadamente e levantou-o para que todos o vissem. Em seguida, em meio ao espanto, soltou-o contra o mármore brilhoso sobre o qual pisavam. O cálice girou sobre si mesmo e caiu vertiginosamente em direção ao assoalho, quebrando-se apenas em duas partes grandes, comprovando a teoria dos sábios.
Mediante o silêncio, ouviu-se alguém comentar:
– Majestade, o senhor quebrou o presente?!
– Mas, ganhei a certeza de que tenho um amigo de verdade – retrucou o rei, estendendo a mão ao conselheiro fiel. – Posso colar o cálice e apesar da cicatriz ele continuará cumprindo sua função, mas uma amizade traída não se consertaria jamais.
Para um empreendedor de caráter, seguir sua missão junto com pessoas competentes e de confiança é uma garantia de que, principalmente nas crises, terá em quem contar.
* História recuperada do artigo: O valioso tesouro do rei ou de como se escrevem metáforas.