Postado em: 11 de março, 2019.
Lauren, uma executiva experiente, estava encarregada de uma missão aparentemente simples, mas que se revelou muito difícil: tinha de encomendar um lote de cestas de cipó de tamanho pequeno, para compor uma encomenda numa fábrica de cosméticos e perfumes.
Como assistente dela fui até a vila de artesãos, um lugar cheio de produtores de peças de artesanato. Embora fosse um ambiente agradável e limpo, havia uma certa desorganização nas atividades, com produtos amontoados e incompletos. Não parecia haver nenhum controle de qualidade das peças e, provavelmente, seria difícil cumprirem prazos.
Depois de conversar com vários artesãos em suas lojas, percebi que uns podiam acelerar a entrega, mas seus produtos não tinham qualidade; outros, era evidente pela reclamação de alguns clientes, não cumpriam prazos.
A situação estava crítica, com o tempo se esvaindo e Lauren, a minha gerente resolveu se envolver diretamente. Fui com ela visitar os artesãos e vi que sua negociação era firme. Queria prazo e qualidade, mas só recebia promessas vagas.
Vimos uma lojinha cuidada por um idoso e ela resolveu ir até lá. Não adiantou eu falar que era um velho artesão, com sua esposa também idosa e uma neta de pouco mais de 18 anos. Lauren olhou os cestos, perguntou se eram feitos ali e o velho confirmou.
— Quem faz? Insistiu ela. O artesão nos levou à salinha seguinte na qual as duas mulheres trabalhavam. A minha gerente cumprimentou a idosa e sua neta e perguntou se elas conseguiriam dar conta de uma encomenda para uma semana – disse que pagaria a metade de entrada e a outra metade quando recebesse os cestos.
Tentei mais uma vez alerta da situação de risco de uma encomenda para poucos dias, que precisava cumprir o prazo e ter qualidade. A idosa e a adolescente talvez não dessem conta da tarefa. Lauren não disse nada, apenas sorriu de leve.
Foram dias muito apreensivos. Confesso que não teria coragem de arriscar a encomenda. E no dia combinado a minha gerente fez questão de ir comigo pegar as cestinhas.
Assim que chegamos na frente da loja, minha apreensão aumentou porque estava tudo tranquilo demais. Porém, lá estavam as cestas, todas arrumadas em algumas caixas de papelão. Cumprimentamos o artesão, sua esposa e sua neta. A adolescente estava visivelmente radiante com o resultado do trabalho e por ter cumprido a tempo o desafio.
A qualidade do trabalho era muito boa, parecia ter sido feito com carinho e cuidado. Conversamos um pouco, rimos e paguei o trabalho ao artesão. Agradecemos mais uma vez e saímos. Quando estávamos no carro, não me contive e perguntei à Lauren:
— Como sabia que daria certo?
Ela então mostrou porque sabia lidar com pessoas, reconhecer talentos e conseguir resultados:
— Quando observei o espírito da jovem, uma bela garota que me fez desejar ser ela, com todos os seus sonhos por realizar, vi que se entusiasmou com a proposta. Suas mãos eram ágeis e ao mesmo tempo delicadas. Sua avó, embora não demonstrasse entusiasmo, concordou porque sabia que era possível fazer o trabalho. A idosa, o tempo todo ensinava a neta, mostrando detalhes do trançado das cestas. Tive ali a visão de que poderia dar certo, pois eu sabia, na minha experiência, que estava juntando o compromisso e a competência.
Depois de uma breve pausa, Lauren continuou:
— Embora a jovem não tivesse ainda toda a competência para fazer o trabalho sozinha, tinha a vontade e a dedicação para fazer o melhor. A avó não demonstrou empolgação porque sabia que era um trabalho possível de ser feito. Tem a experiência de uma artista naquela arte e quer repassar esse conhecimento para a neta. Isso resultou em um maravilhoso trabalho de equipe, que agora temos aqui.
E assim, percebi que, para ser um empreendedor tinha de saber olhar para o essencial nas pessoas. Como me mostrara Lauren, aproveitar as habilidades delas, combinar seus talentos e aptidões, e demonstrar toda confiança possível.