Postado em: 12 de março, 2019.
Ser bem-sucedido nem sempre significa gerar lucro ou ganhar mais dinheiro. É essencial que o empreendedor conquiste também, credibilidade e reputação profissional para consolidar sua carreira. Em Rajas of the Ganges vence quem alcança os dois resultados, simultaneamente.
Não por acaso esse jogo foi indicado ao prêmio de melhor jogo de estratégia de 2017 pelo Golden Geek, do site Board Games Geek, especializado em ranqueamento e classificações de jogos de tabuleiro do mundo inteiro. Cada partida exige versatilidade estratégica para que o jogador se adapte às variações dos lances e das adversidades.
Baseado na Índia do século XVI, o jogo tem como narrativa o sistema de castas que regem a vida dos governantes locais. Estes competem uns com os outros por riqueza e prestígio. Ambienta-se no império governado pelo grande Moqhul Akbar, sendo sustentado por muitas províncias sob controle dos príncipes hindus que detêm os títulos de rajas. Entre os lugares de ação está o famoso rio Ganges, que se pode percorrer para realizar negociações.
Como os jogos de tabuleiro do gênero, sua mecânica tem por analogia os empreendimentos que se desenvolvem ao longo das épocas e culturas pelo planeta. Atividade intrinsecamente arraigada na cultura humana, empreender significa ter visão, a mais completa possível do sistema social dinâmico que se estabelece no tempo e no espaço civilizatório. Para ser bem-sucedido o empreendedor precisa desenvolver bem as missões, administrando pessoas e recursos em ambientes de negociação e conflitos. Sua perspicácia aproveita a sorte, mas os fracassos servem de lições para virar o jogo.
Em Rajas of the Ganges os personagens controlam seus trabalhadores, trocando mercadorias e viajando pelo rio; têm seus destinos influenciados pelos deuses, uma vez que um bom carma pode proporcionar riqueza e fama, bem como dificultar as jornadas. Para compor essa trajetória, existe no tabuleiro duas trilhas nas bordas: uma que vai da esquerda para a direita e consiste em ganho e perda de dinheiro; outra que vai da direita para a esquerda e que permite aquisição de prestígio – quando essas duas caminhadas se encontram em algum ponto ao redor do tabuleiro, o jogador sagra-se vencedor pela sua façanha de conquistar fortuna e prestigio.
O espaço do jogo, um grande mapa de uma região da Índia, é composto pelo palácio do imperador Mogul, um mercado, uma pedreira e o porto na beira do rio Ganges. Como jogador, é preciso cumprir ações, passando pelos lugares de sua escolha para adquirir riquezas ou alcançar prestígio. Enquanto avança nas trilhas de fama e dinheiro e desenvolve sua província, tem-se chances de obter bônus valiosos. Em uma cartela à parte, cada jogador precisa expandir sua província, criando estradas em fluxos contínuos, que ligam sua morada a elas. Se os caminhos forem mal planejados, limitam a expansão de seus domínios.
Para se ter uma ideia da dinâmica do jogo em sua analogia com um empreendimento que exige estratégias complexas, vemos que a partida segue por várias rodadas, cada uma das quais consiste em vários estágios. Em cada etapa, o jogador, na sua vez, coloca um trabalhador, paga os custos, se necessário, e imediatamente executa a ação associada. Segue-se assim a rodada com ações de todos os jogadores, até que ninguém possa colocar um trabalhador. Depois disso, cada jogador leva seus trabalhadores de volta, e uma nova rodada começa.
Os trabalhadores podem ser colocados nas seguintes áreas no tabuleiro: a) na pedreira, a fim de realizar ações de construção em sua província; b) no mercado, para receber dinheiro através de pontuações mais adiante no jogo; c) no palácio do Grande Moghul, para obter vários benefícios; d) no porto, com objetivo de avançar no rio e alcançar espaços fluviais lucrativos.
A moeda de troca nesse jogo são os dados, ora sendo regidos pelo seu sistema numérico, ora pelo seu sistema de cores. Mas, não se engane: jogar os dados e utilizar seus resultados é uma habilidade que vai além de sorte e azar, isso porque, é possível fazer escolhas e trocas nas quais dois dados de uma cor vale um dado da cor que você necessita. Assim como, certas decisões permitem que você possa virar o dado de um lado para seu lado oposto, beneficiando sua estratégia.
Portanto, percebemos que o jogo consiste em uma grande empreendimento, no qual cada personagem precisa conduzir planejadamente seus trabalhadores, colocando-os em lugares onde têm chances de serem bem sucedidos; utilizar os dados como moeda de troca, observando como pode se beneficiar com qualquer resultado de números e de cores que venham a surgir ao jogá-los. Além de adotar ações que rendam lucro, é preciso ainda, desenvolver atividades que garantam prestígio. Um pode avançar mais rápido que o outro, mas ambos precisam crescer e se encontrar para consolidarem a vitória.
Um empreendedor de sucesso está envolvido diretamente nas suas ações imediatas, apreendendo todo o conhecimento possível para realizar atividades que o façam superar desafios, conflitos e avançar no progresso das missões, mas também procura ter uma visão do todo, percebendo os movimentos do ambiente, das pessoas envolvidas, dos adversários que lutam por suas conquistas e que podem atrapalhar a jornada.
Sorte e azar acontece para todos, porém, ao definir estratégias, perceber quando elas estão funcionando ou quando precisam mudar, o empreendedor faz da sorte e do azar contingências que aumentam sua experiência e seu aprendizado, responsáveis por evoluir pessoal e profissionalmente.
Editora Devir. Um jogo de Inka Brand e Markus Brand.