Postado em: 15 de outubro, 2018.
O peão de xadrez que chega à oitava casa do tabuleiro, torna-se a poderosa Dama.
Essa é uma das belas metáforas proporcionadas pelo filme: A rainha de Katwe (foto).
Uma menina pobre, que vive no vilarejo de Katwe, Phiona Mutesi, em Uganda, na África,
com sua mãe viúva e mais quatro irmãos, descobre o jogo de xadrez e sua habilidade
fora do comum para aprender e ganhar partidas nos idos de 2007. Um professor que
dá aulas de xadrez gratuitas à crianças pobres do lugar, porque acredita que está
ajudando-as a enfrentar as dificuldades da vida. As contrariedades vêm de todos os
lados, até dos meninos que não admitem perder para as meninas. Mas o próprio
tabuleiro e as estratégias do jogo servem de analogia para lidar com os desafios.
A essência dos princípios da Ludosofia se revela, principalmente ao sabermos que se
trata de uma história real, que desafiou a Disney a realizar um verdadeiro
documentário em forma de um filme. É arrebatador perceber como o professor
consegue fazer com que a jovem Phiona revele a sua inteligência, de adolescente
negra, paupérrima, em um país africano cheio de diferenças e preconceitos, para o
estado, para o país e para o mundo. É comovente ver a força de luta de sua mãe,
Nakku Harriet, para criar sozinha os filhos em um ambiente tão hostil… não é comum
um peão ir tão longe em meio a tantas ameaças para se tornar uma dama no xadrez.
A cada vitória em competições Phiona enfrenta seus dramas familiares e aos 14 anos
torna-se campeã do seu país, entrando para a história do seu povo.
O filme dos Studios Disney foi dirigido por Mira Nair e baseia-se no livro de Tim
Crothers: The queen of Katwe: a story of life, chess and an extraordinary girl’s dream
of becoming a grandmaster. Foi lançado em novembro de 2016. Não por acaso o
xadrez tem sido palco de tantas realizações da cultura humana, ora servindo de
analogia para grandes acontecimentos, ora fornecendo representação de raciocínio
lógico e estratégia.
Sobre o livro que deu origem ao filme
Embora o filme inspirado neste livro seja muito mais atraente pela beleza impressionante das imagens, a obra escrita não fica para trás em seu papel de esclarecer aspectos contundentes da história de Phiona, a enxadrista pobre que se tornou campeã de Uganda, na África.
Além de contar a história de garota africana, tendo como motivo o jogo, a obra faz um panorama detalhado de Uganda e da região onde ela viveu. Mas também, explica a origem do xadrez e sua ascensão à condição de Campeonato Mundial que, desde 1886, movimenta esforços de países inteiros para terem campões entre a modalidade.
Como uma analogia de vitórias e derrotas do jogo de xadrez, o livro traz, ainda, o relato do projeto Popp, em que a história uma família devastada pelo suicídio do filho, na Califórnia, Estados Unidos, transforma-se em bolsa de estudo para sustentar crianças enxadristas, como Phiona Mutesi, em Uganda.
Um milenar jogo, como o xadrez, torna-se pano de fundo e protagonista, ao mesmo tempo, nas mãos de um professor africano, de nome Robert Katende, para mudar a vida de pobreza e desgraça certas que seria a vida de crianças em algum lugar esquecido da África. Katende via na analogia do xadrez a chance das crianças terem um futuro melhor: largando como peões até chegar a oitava casa do tabuleiro, para virarem Damas.