Postado em: 31 de agosto, 2019.
No ano de 2016, uma partida de Go, o jogo de tabuleiro mais antigo do mundo, atraiu a atenção da mídia no mundo inteiro. Qual a razão para o espetáculo? Um computador, desenvolvido por um time especializado em inteligência artificial iria enfrentar o mais premiado jogador de Go de todos os tempos: o sul-coreano Lee Se-dol, conforme relatado no documentário AlphaGo
Esse embate aconteceu 20 anos depois do famoso confronto entre o campeão de xadrez Gary Kasparov e o computador DeepBlue, da IBM, cuja vitória da máquina é envolvida até hoje na polêmica acusação de trapaça. Desta vez, passadas duas décadas, o embate envolve um jogo que aparenta ser mais simples, mas que se mostrou de grande complexidade.
O time de pesquisadores, programadores e engenheiros da Deep Mind, empresa sediada em Londres, vinha há alguns anos desenvolvendo uma máquina capaz de processar as complicadas probabilidades do jogo Go que, de tão vastas, são comparadas ao número de átomos no universo.
O supercomputador, batizado de AlphaGo, também foi programado para ser capaz de aprender como traçar a estratégia vitoriosa, processando variáveis verdadeiramente infinitas. O filme apresenta a equipe desenvolvedora, suas motivações, o processo de desenvolvimento, principais obstáculos e o primeiro grande feito: a vitória sem precedentes sobre o campeão europeu de Go, Tai Chen.
Após a partida, e a fama alcançada com a cobertura dos jornais ocidentais, a equipe estava certa de que o AlphaGo era uma grande descoberta. Porém, os jogadores profissionais do Oriente não estavam tão convencidos. É nesse momento que Lee Se-dol, o grande oponente é apresentado. Considerado prodígio no Go, este jovem que começou sua carreira aos oito anos de idade já acumulava mais de 18 títulos mundiais.
Lee Se-dol: imagem do documentário AlphaGo
Assim que a partida é anunciada, começa a preparação do AlphaGo para o embate, e a equipe convoca Tai Chen para buscar eventuais pontos fracos do programa. E Tai Chen encontra uma falha grave, só que às vésperas do grande evento, dando ao time pouquíssimo tempo para desenvolver a solução.
Em uma cobertura fantástica, a edição do documentário combina cenas dos eventos organizados em Seul, na Coreia do Sul, para que máquina e homem pudessem duelar, junto com cenas de comentaristas empolgadíssimos, transmitidas ao vivo para diversos países, nos quais milhões de pessoas apaixonadas pelo Go acompanham cada movimento, assim como acontece no Brasil com as partidas de futebol. Mas, a beleza do documentário está também no fato de fazer uma empolgante abertura sobre o jogo em si, como é jogado há milênios e a importância que tem na vida dos orientais.
Quem sairá vencedor? Essa não deve ser a principal questão em qualquer partida (embora uma rápida pesquisa revele o desfecho). A questão principal é o fato da mente humana ser capaz de criar um jogo tão fascinante como o Go, que poucos são capazes de dominar, e criar também uma máquina capaz de desafiar o melhor jogador de todos. Neste embate, tanto máquina quanto homem aprenderam como aperfeiçoar suas habilidades, mostrando que a evolução é um ciclo em que, criatividade e intuição estão sempre em expansão.
O documentário pode ser assistido no seguinte endereço:
https://www.youtube.com/watch?v=jGyCsVhtW0M&t=2158s
Conheça toda a beleza complexa do Go na seção Notícias/Curiosidades:
https://ludosofia.com.br/noticias/da-simplicidade-complexa-do-go-surge-a-sua-sabedoria/