Postado em: 5 de dezembro, 2019.
Pesquisas vêm constatando: não é a matemática que é chata ou difícil, mas o fato de se acreditar nisso é que consolida a crença por parte das crianças. E os jogos de tabuleiro são uma das formas mais eficientes para fazer os alunos descobrirem como a matemática pode ser aprendida com facilidade ou mesmo, de forma divertida.
Para a pesquisadora Jo Boaler, que estuda matemática na Universidade de Stanford, dos Estados Unidos: “Há algumas razões pelas quais acreditamos que somos ruins em matemática e a primeira é a ideia equivocada de que ou você nasce com um ‘cérebro matemático’ ou não terá aptidão”.
Em matéria publicada na BBC News Brasil, em setembro de 2019, a cientista Jo Boaler diz que a matemática, geralmente, é ensinada de um modo muito chato, como se fosse uma matéria sem sentido. Isso afasta as pessoas, porque a combinação de percepções pessoais e modelo de ensino praticados acabam por provocar muitos danos na concepção da matéria. Por isso, o incentivo positivo deve começar em casa, mesmo que os pais não gostem de matemática: é preciso ser entusiasta para que as crianças se sintam motivadas ao estudo.
Mas, por que os jogos de tabuleiro seriam uma das abordagens mais promissoras para o aprendizado da matemática? Conforme declara Jo Boaler: “Para crianças pequenas, a ideia é procurar padrões no mundo: eles estão por toda a parte. Jogos também são ótimos, por exemplo os de dados. Só peço que tomem cuidado com os jogos que exigem rapidez, porque se criou essa ideia de que você precisa ser rápido ao resolver questões de matemática. Em vez disso, é mais importante incentivar a criatividade e a flexibilidade — entender que o cálculo de 12 x 4 pode ser feito de diversas formas diferentes. Isso ajudará seus cérebros a criar várias conexões diferentes.”
Muitos dos estímulos apontados por Boaler, são facilmente encontrados ou utilizados na forma de jogos. Na concepção da pesquisadora, a matemática faz mais sentido quando é ensinada de forma visual, com utilização de desenhos, cubos, barbantes, bem como a partir de trabalhos em equipe que envolvam criatividade, colaboração e incorporando os erros no processo de aprendizagem.
A reportagem da BBC News Brasil levanta a questão, não apenas da crença errada dos estudantes em geral que acham que não nasceram para a matemática, mas também, das crenças de crianças de classes economicamente desfavorecidas, que acreditam que nunca poderão ser boas em matemática, o que acaba por confirmar o mito. Elas se saem muito melhor no aprendizado da matemática quando descobrem que podem alcançar resultados favoráveis.
Mas, a informação muito importante que fica dessa matéria é a de que não se trata somente de acreditar no próprio potencial, mas de compreender que o cérebro humano é flexível e maleável o suficiente para aprender e se desenvolver com os erros. Afinal, a inteligência humana não é predeterminada, e sim, mutável pela sua plasticidade de envolver-se com qualquer assunto, quando motivada.
Nossa reflexão, portanto, é que os jogos de tabuleiro são importantes no ensino e aprendizagem da matemática e de outras matérias integradas, porque eles estimulam a leitura e compreensão das narrativas, exigem cálculos operacionais dos mais elementares aos mais complexos, exercitam o raciocínio, a lógica, mas também a criatividade para encontrar soluções aos desafios. E se forem inseridos em oficinas de maneira correta, a atividade de criação e recriação de jogos envolvem ainda, a percepção de arte e design, o pensamento algoritmo, os conteúdos científicos básicos, além a socialização efetiva que o ambiente proporciona.
Leia a matéria completa da BBC News Brasil no endereço:
https://www.bbc.com/portuguese/geral-49681062