Postado em: 11 de outubro, 2019.
Conhecer in loco o Museu Suíço de Jogos, localizado à beira do lago de Genebra, entre Vevey e Montreux, na cidade de La Tour-de-Peilz, revelou-se uma experiência lúdica inesquecível. O Castelo foi construído no século XIII, pelos condes de Savoy e abriga cerca de 5.000 anos de história dos jogos. O Museu apresenta uma coleção única, além de uma biblioteca especializada, aberta ao público. A quantidade de jogos é imensa, mas é possível se ter uma ideia da riqueza e importância do acervo do Museu, a partir dessa visita que aconteceu no dia 06 de outubro de 2019.
Visão geral do Castelo que comporta o Museu Suíço de Jogos.
Conhecido como Musée Suisse du Jeu, o museu conta hoje com reputação internacional, tendo sido apoiado, desde a sua inauguração, em 1987, pela Associação de Amigos do Museu. Faz parte de um projeto concebido pelo estudioso de jogos e artesanatos, Michel Etter, cuja iniciativa foi transformado em Fundação no ano de 2004. Em suas dependências, além de relíquias de jogos do antigos são realizadas exposições dedicadas à história cultural dos jogos do país e de outras partes do mundo.
No Museu podem ser encontrados, desde os primeiros jogos feitos de pedras até os eletromecânicos, como Piball ou Fliperama, de eras mais recentes. Este jogo da foto a seguir, encontrado há 4 mil anos no Irã dá uma ideia dos artefatos raros que existem no Museu.
Um jogo para se enfrentar a jornada da morte, na região do Irã (4.000 anos).
O texto que acompanha a exposição do jogo, por si só revela a beleza dessa descoberta:
…………………………………………………………………………………………………..
“Brincando com a vida após a morte
Escavações arqueológicas na região de Kereman do Irã revelaram a existência, aproximadamente 4000 anos atrás, de uma civilização antiga desconhecida até então. jogos foram encontrados entre os túmulos que acompanham os mortos no submundo.
Oito cobras em relevo são entrelaçadas em uma placa. À primeira vista caóticos, seus movimentos, no entanto, revelam uma ordem: o modo como eles se enrolam forma três fileiras com dois grupos de seis espaços redondos. A estrutura criada pelas cobras é idêntica à encontrada nos tabuleiros romanos do jogo dos Doze Sinais (sou ancestral do Gamão). O tabuleiro iraniano é o tabuleiro mais antigo existente desse tipo. Os jogos do tipo Gamão estão, portanto, entre os mais antigos jogos de tabuleiro existentes, ainda hoje populares.
As cobras são um símbolo universal de tempo, eternidade e ressurreição. Portanto, o jogo tinha um significado religioso vinculado a rituais funerários.”
……………………………………………………………………………………………………
Exemplo da diversidade de jogos antigos
Outro exemplar de jogo ancestral é o Awele, pertencente ao grupo de jogos conhecidos como Mancala. São tantas as variações, que Awele é chamado de “o jogo dos 1001 nomes”. Segundo as explicações ao lado das peças: “Awele é tão popular no continente africano que é conhecido como ‘o jogo de toda a África’. No entanto, é jogado principalmente por homens. Mancalas são jogos também são conhecidos nos países islâmicos do Oriente Médio, na Índia e até o sudeste da Ásia e China”.
Um Mancala feito de madeira e jogado com sementes de plantas africanas.
Diferentes tipos de Mancalas em exibição no Museu demonstra como eram rebuscados em seus acabamentos:
Dois modelos de Mancalas ricamente entalhados em madeira.
Esse belo jogo indiano, chamado Pachisi é o antecessor do nosso Ludo, muito popular entre os jogos infantis de tabuleiro.
“Pachisi”, o Ludo indiano em um exemplar refinado.
Peças raras e antigas, pertencentes a jogos de tabuleiro fazem parte da coleção. Pertenciam a jogos que foram encontrados incompletos.
Botões, ossos, dados e pinos já faziam parte dos jogos de tabuleiro há séculos.
Um passeio pelas salas do Museu revela a variedade e a riqueza de relíquias de jogos recuperados para a coleção de peças. Nessa sequência de fotos vemos jogos de mesa e cartas que eram utilizados pelas famílias mais abastadas no século passado.
Exemplares em impressões coloridas de jogos de mesa europeus.
Em várias dependências internas e externas do Museu é possível encontrar ambientes nos quais se pode jogar partidas de muitos jogos disponíveis.
Um jogo comum de deslizamento de peças e um xadrez gigante no pátio do Castelo.
O Museu mantém uma loja com jogos antigos e modernos, em versões atuais, colocados à venda para os visitantes. Nela encontramos, desde jogos infantis e populares até os jogos de tabuleiro modernos, como os recentes eurogames.
Parte da loja de comercialização de jogos os mais variados para crianças e adultos.
No final da visita ficamos com a percepção de como os jogos participam da cultura humana desde a antiguidade, conferindo elementos importantíssimos para os rituais religiosos, atraindo posteriormente o interesse de crianças e adultos, quer seja para diversão, quer seja para estudos de analogias sociais ou linguagens de lógica e computação. Sobre essa dimensão social e cultura lúdica, achamos oportuno traduzir um cartaz de uma das salas de jogos que retrata bem o espírito do Museu:
……………………………………………………………………………………………………
De jogos e homens
Jogamos xadrez e tocamos violão. Brincamos de Hide and Seek (esconde-esconde) ou assumimos um papel em uma peça. Jogamos com palavras e nos dedicamos a jogos de amor…
O tempo todo e em qualquer lugar, brincadeiras e jogos foram elementares na vida do homem. No jogo, alegria de vida, imaginação, personagens estão presentes.
Os jogos nos dão liberdade para usar o intelecto ou para deixar o acaso decidir.
Através do jogo, o homem satisfaz sua necessidade de se comunicar e expressa o que seria impossível expressar de outra forma, seus sentimentos felizes ou infelizes, suas relações com os outros, sua visão do mundo e do Divino.
Os jogos são mais do que apenas um passatempo:
“O homem só é completo quando joga” (Schiller).
Para conhecer um pouco do histórico e da proposta do Museu Suíço dos Jogos, basta visitar o site pelo link abaixo: