Postado em: 11 de janeiro, 2020.
Desde 2014 que o projeto Oficinas Lúdicas leva jogos de tabuleiro para escolas públicas de Salvador, abrangendo aprendizagem em várias disciplinas, tais como: matemática, ciência, geografia e história. O projeto, idealizado pelos coordenadores Laíse Lima e Alisson Belém, começou na escola Motivar, no bairro da Federação na cidade de Salvador, Bahia.
A Proposta tem como objetivo, ampliar o aprendizado da sala de aula através dos jogos de tabuleiro, para crianças e pré-adolescentes de 08 a 13 anos. As atividades acontecem aos sábados, com participação voluntária dos alunos.
A coordenadora do projeto, Laíse Lima explica também na mesma reportagem, que o uso dos jogos funciona como suporte pedagógico e não substitui o conteúdo das aulas. “A gente traz alguns jogos tanto relacionados ao conteúdo escolar, quanto para trabalhar princípios e valores. Trabalhamos a matemática e geografia com Stone Age, ciência e conceitos de medicina com o Pandemic. São jogos que trabalham conteúdos escolares, mas também conceitos como honestidade, concentração. O objetivo é funcionar como suporte pedagógico, não substituindo educação, mas funcionando como alternativa a mais de ensino e favorecendo a aprendizagem”, explica.
“A gente aprende mais com os jogos, aprende a se respeitar. Se um vence, não fica assim: ‘Você trapaceou’. Além do mais, o jogo desenvolve o pensamento, e isso é legal porque a gente aprende coisas novas” – este depoimento é da estudante Ana Elis Rosário, de 8 anos, uma das crianças que participam do projeto e cuja fala foi relatada em matéria do G1 da Bahia.
Os jogos citados por Laíse são os chamados Eurogames: jogos de tabuleiro modernos, que cresceram em popularidade e número de títulos após o sucesso do jogo Colonizadores de Catan, com narrativas que exigem estratégias e mecânicas inovadoras que estimulam o raciocínio e a imersão.
Alisson Belém, que também coordena o projeto, disse que iniciativas similares já existiam na região sudoeste. “É um método já utilizado em escolas no sudoeste. O nosso objetivo foi trabalhar com a ludicidade, mas de uma forma mais pedagógica. O objetivo é explorar é explorar ao máximo a criatividade das crianças e expor diversas maneiras delas conhecerem vários assuntos”.
As oficinas oferecem cerca de trinta jogos de tabuleiro, entre eles Pokémon, O Hobbit, Hanabi, Pandemic, Stone Age e Gardens. Ao longo dos dias de atividade, são formadas mesas de jogos que contam com quatro estudantes e um monitor em cada uma.
As oficinas ocorrem aos sábados com ajuda de monitores (fotos Ruan Melo e Alisson Belém)
Fernando Pessoa, um dos monitores do processo, explica o processo gradativo que guia a experiência dos jovens com jogos novos, buscando aumentar a autonomia à medida em que os estudantes vão ganhando familiaridade com o jogo: “Quando as crianças estão começando a aprender os jogos, nós jogamos com elas as primeiras partidas para estimular e ensinar os macetes. Na semana seguinte, caso elas voltem para o mesmo jogo, a gente deixa sozinhas, dando apenas o suporte por fora. E na semana seguinte deixa elas mais soltas, só com o apoio visual e tirando dúvidas. No último final de semana do mês, a gente traz os pais das crianças para que eles aprendam com os filhos”.
O desempenho dos estudantes na oficina é avaliado pelo grupo. “A gente analisa se a criança está tentando trapacear, se ela desenvolve melhor raciocínio no jogo e ajuda as outras. Mas, geralmente, elas procuram sempre ajudar umas às outras. Inclusive, mesmo em jogos competitivos, elas ficam receosas em ganhar dos colegas”, complementa Fernando.
Para a coordenadora Laíse Lima, utilizar jogos de tabuleiro no ambiente escolar é uma forma de ampliar a socialização. “O jogo permite você sentar com amigos ou até com pessoas que não conhece. Esta é a principal característica do jogo de tabuleiro, que se diferencia do jogo de computador, que às vezes você até interage com outra pessoa, mas ela está do outro lado da tela. No jogo de tabuleiro você está sentado, socializando com amigos, abrindo opções de conversa mais profundas”.
“A gente vive em uma era muito digital. A gente vê crianças com tablet, celular e isso causa um impacto negativo quando gera o vício. E os jogos de tabuleiro têm uma interatividade social muito grande. As crianças se ‘forçam’ a conhecer umas às outras. Estão em prol de um objetivo, e o tabuleiro consegue explorar a sociabilidade”, acrescenta Alisson.
A iniciativa foi aprovada pelos jovens que afirmaram esperar ansiosos pelos dias em que irão participar dos jogos. Muitos deles garantem que nunca tiveram contato com jogos de tabuleiro antes das oficinas. Para a coordenadora Laíse Lima, “As crianças amam. Acho que o olhar de cada criança quando a gente traz um jogo novo é incrível. Para mim, vale mais que o dinheiro. O olhar de cada menino, cada menina, o brilho no olhar é gratificante e é o que me faz continuar com o projeto”.
Texto baseado na matéria publicada em 2015 no site do G1/Bahia. Confira no endereço:
http://g1.globo.com/bahia/game-bahia/2015/noticia/2015/05/projeto-leva-jogos-de-tabuleiro-para-alunos-em-escola-aprendemos-mais.html