Postado em: 11 de junho, 2019.
Os jogos de tabuleiro modernos conquistaram seu lugar no mundo e Portugal é hoje um dos importantes produtores de eurogames, que surgiram na Alemanha, na década de 1990, espalharam-se pela Europa e pelos demais continentes do planeta. A importância de Portugal nesse cenário pode ser reconhecida pelos jogos estratégicos de qualidade saídos daqui para apaixonar públicos de culturas diversas.
A Associação Cidade Curiosa, situada em Braga, com sua missão de contribuir com a divulgação e prática dos jogos de tabuleiro, realizou no dia 10 de junho uma amostra dos jogos desse tipo, criados e produzidos em Portugal. O site Ludosofia esteve em visita, na Estufa Municipal de Braga, à Cidade Curiosa e foi recebido por um de seus responsáveis, Alberto Pereira que, juntamente com Ana Cecília, coordenam diversas atividades pedagógicas em comunidades portuguesas.
Alberto recepciona Marcos Nicolau, em visita à Cidade Curiosa
Na oportunidade, Alberto Pereira fez uma demonstração da essência e funcionalidade de vários jogos, bastante requisitados nos encontros mensais da Associação, bem como nas demonstrações de feiras de jogos em outros países europeus. Na pilha de apresentações estavam os jogos: Arraial, Madeira, Nippon, Panamax, estes assinados pelos artistas e designers de renomes, Paulo Soledade e Nuno Bizarro Santieiro (Panamax em parceira com Gil de O’Rey ), bem como diversos outros: Caravelas, Lusitânia, Viral, CO2, Millions, A aldeia adormece, Países, Gente com memória, Vintage, Estoril etc.
Empresas de estudo de mercado já haviam constado que, em 2017 houve um aumento de cerca de 12% nas vendas dos jogos de tabuleiro em Portugal. Esse comércio de jogos e puzzles em geral chegaram à casa dos 1,8 milhões de unidades vendidas, com negócios estimados em 22 milhões de euros. Entre essas empresas está a Research na Market, que estima que, entre 2018 e 2022 haverá um aumento de 23% no mercado dos jogos de tabuleiro em todo o mundo.
Após as explicações de Alberto Pereira, sobre os variados jogos portugueses que estão disponíveis ao público nas prateleiras da Cidade Curiosa, na estufa Municipal de Braga, deixou-nos bastante impressionado a consistência estratégica de dois desses exemplares: Madeira e Nippon. Com a paciência pedagógica de quem está acostumado a ensinar esses jogos a pessoas de todas as idades, Alberto demonstrou em detalhes, como funcionam suas mecânicas e jogabilidade.
A explicação pedagógica de Alberto sobre o belo tabuleiro de Nippon
Embora esses dois exemplares estejam fundamentados em belíssimas narrativas históricas sobre suas existências, a Ilha de Madeira, importante entreposto comercial de Portugal no tempo do Rei D. Henrique e o Império japonês, no período de sua importante expansão industrial no século XIX, são jogos essencialmente iconográficos, cuja simbologia dos gráficos é de fácil compreensão por pessoas de diferentes culturas e idades.
Em Madeira, cada jogador é um empreendedor que precisa cuidar da importante produção de vinhos da ilha, bem como do fornecimento de madeira para a indústria naval, entre outras atividades comerciais, conseguindo prestígio junto à Coroa Portuguesa. Sobre um tabuleiro que recria a ilha e suas adjacências marítimas, o jogo requer a administração de matérias primas, trabalhadores, produção agrícola e comercial, com uma sincronia de ações, mediante ainda a competitividade com outros empreendedores. Aprende-se a não precipitar e nem atrasar decisões, mantendo-se relevante e produtivo aos interesses da Coroa. O jogador que, não apenas conseguir desenvolver as melhores estratégias, mas souber superar as dificuldades e avançar nos seus negócios, poderá ser o vencedor.
Madeira e Nippon, jogos de excelência estratégica produzidos em Portugal
No jogo Nippon, aparecem aspectos pertinentes à cultura japonesa de conhecimento histórico de todos, em um país que era governado por um Imperador desejoso de modernizar, em tempo recorde, a sua nação. Também é jogado sobre um tabuleiro que contém o mapa do Japão, dividido em suas quatro regiões, cada um com duas cidades responsáveis por produtos essenciais ao crescimento do Império. Nesse contexto da corrida industrial no século XIX, cada jogador representa uma família (Zaibatsu) que tem controle sobre um conglomerado de empresas. É preciso criar fábricas e comprar máquinas para produzir e abastecer o mercado nacional, bem como cumprir contratos internacionais. Tudo isso envolve, ainda, abastecimento de carvão, melhoria dos conhecimentos, coordenação de frotas de trens e de aviões. As estratégias bem planejadas permitem aumento de pontuação e de influência das famílias junto ao Imperador.
Terminamos a visita com a certeza de que essa iniciativa da Cidade Curiosa, em disponibilizar e desenvolver atividades com jogos de tabuleiros em Braga, é um exemplo a ser seguido e precisa contar com o apoio cada vez mais efetivo das instituições governamentais. Não apenas pelo caráter pedagógico que as práticas dos jogos propiciam junto a jovens e adultos. Mas, principalmente, porque consegue reunir de forma presencial, grupos de pessoas que interagem face a face; leva a ambientes como escolas, hospitais, asilos e demais entidades visitadas, um conjunto de conhecimentos, posturas e hábitos de sociabilidade os mais saudáveis para o fomento da cultura e da formação pessoal.
Conheça mais sobre a Associação Cidade Curiosa em seu canal no Youtube:
www.youtube.com/cidadecuriosa