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Xadrez, Machado de Assis e uma defesa brasileira consagrada por Lasker

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Postado em: 12 de agosto, 2020.    

Poucos sabem que Machado de Assis foi um grande entusiasta do xadrez e que a “Defesa Rio de Janeiro”, criada pelo seu colega enxadrista, João Caldas Viana foi consagrada internacionalmente por um dos grandes enxadristas da história, Emmanuel Lasker, campeão mundial durante 27 anos seguidos. Sobre o jogo, em crônica de 1896, Machado de Assis escreveu: “Tudo pode ser, contanto que me salvem o xadrez”.

 

O jogo de xadrez ficou conhecido no Brasil em 1808, quando o Rei Dom João VI trouxe o primeiro trabalho impresso, embora a primeira competição em solo brasileiro só tenha sido realizada em 1880, mais de 72 anos depois. Machado de Assis, não apenas participou desse torneio, ficando em terceiro lugar, como foi o primeiro a publicar um problema de Xadrez numa revista nacional.

 

Deduz-se, pelos escritos de Machado de Assis que o seu professor foi o pianista e compositor Arthur Napoleão, um dos maiores divulgadores do jogo no Brasil, e que seu mais importante adversário foi Caldas Viana, filho do Visconde de Pirapetinga, considerado o maior enxadrista brasileiro até a década de 1930. Referências ao jogo de xadrez, inclusive, estão espalhadas por várias das obras machadianas, fazendo parte da vida dos personagens ou servindo de analogias para a vida.
 

Machado de Assis e Caldas Viana, respectivamente.
 
Reconhecido como excelente teórico do xadrez, Caldas Viana desenvolveu, mais especificamente, a Variante Rio de Janeiro da Defesa Berlinesa da Abertura Ruy Lopes. Essa façanha teve o respaldo do campeão mundial e matemático alemão, Emanuel lasker, depois de utilizá-la em partida oficial do campeonato internacional e que, por considerá-la muito eficiente, fez um importante estudo dessa defesa, publicado na revista francesa La Stratégie, em 1913. Lasker considerou um desenvolvimento moderno para o xadrez e a melhor alternativa para quem optasse pela Defesa Berlinensa.

 

A importância de Machado de Assis para o jogo de Xadrez no Brasil está no fato de que o escritor brasileiro divulgava publicamente sua prática, mantendo, durante algum tempo, correspondência frequente com as revistas da época, através de suas seções especializadas, publicando problemas e enigmas enxadrísticos. Ressalte-se que seu conto “Questão de vaidade”, de 1864 contém a sua primeira referência explícita ao jogo. Um dos problemas de xadrez publicado por Machado e demonstrado logo abaixo mostra a sua capacidade estratégica de situar as peças numa trama com a mesma maestria de narrativa dos seus enredos literários. A resposta está no final da matéria.
 

 

Momentos do xadrez no Brasil, século XX e XXI

 

O primeiro campeonato brasileiro de xadrez ocorreu em 1927, somente para homens. As mulheres tiverem seu campeonato três décadas depois, em 1960. Mas, foi na dácada de 1970 que o Brasil teve seu grande mestre internacional de xadrez, na figura de Henrique Mecking, que chegou a ser considerado o terceiro melhor enxadrista do mundo no ano de 1977, superado apenas pelos russos Anatoly Karpov e Viktor Korchnoi.

 

O xadrez em nosso país continua hoje em sua trajetória de competições. O 86. Campeonato Brasileiro Absoluto de Xadrez de 2019, realizado no começo de 2020 em Natal/RN, revelou um tri campeão nacional, Alexandr Fier, enxadrista nascido em Joinville/SC, em 1988, e que obteve título de Grande Mestre Internacional em 2007, um dos mais jovens a conseguir esse feito.

 

Ao resgatarmos a paixão de um dos maiores escritores brasileiros pelo jogo de xadrez, percebemos que a relação entre jogo de tabuleiro e literatura também rendeu seus frutos históricos e nos faz inferir que a criação literária de qualidade convive com o raciocínio calculista próprio dos enxadristas. O primeiro problema de xadrez publicado por Machado e demonstrado aqui mostra a sua capacidade estratégica de situar as peças numa trama com a mesma maestria de narrativa dos seus enredos literários.
 
Demonstração da Defesa do Rio de Janeiro, de Caldas Viana
 
No xadrez, assim como na Ciência, não é suficiente o anúncio de façanhas tais como o desenvolvimento de defesas ou aberturas diferentes, é necessário que elas sejam aplicadas e demonstrem seus resultados satisfatórios, sendo reconhecida por grandes enxadristas. São jogadas que implicam em um raciocínio lógico de alto nível e que passam a fazer parte das estratégias competitivas de campeonatos nacionais e internacionais.

 

Muitas dessas jogadas perduram por séculos, pela sua eficiência de articulação meticulosa de peças no decorrer do jogo, como é o caso da Abertura Ruy Lopez, também chamada de Abertura Espanhola, e que data do século XVI, cuja publicação em livro se deu em 1561. Foi desenvolvida pelo sacerdote espanhol Ruy López de Segura e tem sido usada desde aquela época por iminentes enxadristas no mundo inteiro. É um dos princípios básicos de abertura ensinada aos aprendizes de xadrez como trajetória de formação.

 

Em sua ação inicial de ataque dessa abertura famosa, as peças brancas saem normalmente com o peão do rei para a quarta casa, recebendo a mesma resposta de peão do rei preto. Em seguida as brancas jogam o cavalo do rei na terceira casa do bispo, atacando o peão preto. As pretas, em sua defesa, saem com o cavalo da dama na terceira casa do bispo, defendendo o peão. A Abertura Ruy Lopes forma-se com o bispo branco seguindo para a quinta casa do cavalo da dama, com a intenção de capturar o cavalo preto. Ao ter que fazer a troca, capturando o bispo com um dos seus peões, as pretas perdem o peão do rei, que é capturado pelo cavalo branco.
 

 
Para fazer frente a essa situação desvantajosa, o enxadrista brasileiro Caldas Viana compõe sua variante de defesa com uma jogada que até então não parecia atraente: cavalo do rei na terceira casa do bispo, atacando, também, o peão adversário. Para as brancas, deixar esse cavalo preto capturar o peão do rei branco parece ser muito atraente por causa da coluna de ataque que se forma contra o rei preto, por isso as pretas optam pelo pequeno roque. O cavalo preto confirma a captura do peão branco do rei. A resposta das brancas é levar o peão da dama para sua quarta casa, atacando o peão preto. Sem preciptação, as pretas jogam com bispo na segunda casa do rei, prevendo a coluna de ataque das brancas que, de fato, estava se formando contra o rei preto.

 

Nesse momento, as brancas jogam a dama para segunda casa do rei, ameaçando o cavalo preto que capturou o peão branco, que imediatamente volta para a terceira casa da dama. O bispo branco captura o cavalo preto que está na terceira casa do bispo. Em seguida, continuando a Variante do Rio de Janeiro, o peão do cavalo captura o bispo branco. O peão branco se vê obrigado a capturar o peão preto para não ficar em desvantagem e o cavalo preto retorna à segunda casa do cavalo da dama.
 

 
Nessa situação de equilíbrio, está consolidade a Defesa criada por Caldas Viana e que foi usada pelo famoso enxadrista alemão Emanuel lasker em uma partida de defesa de seu título mundial, resultando na sua aprovação com estudo publicado numa revista internacional, como a Variante Rio de Janeiro da Defesa Berlinesa da Abertura Ruy Lopes.

 

Vendo o xadrez por essa perspectiva de narrativas estratégicas de ataque e defesa, percebemos porque muitos campeões mundiais, como o russo Garry Kasparov, costumam ministrar palestras em diversos países sobre tecnologias e empreendedorismo, para profissionais de diferentes áreas. A complexidade desse jogo permite o exercício, por analogia, das dificuldades vivenciadas nos ambientes e mercados mais competitivos do planeta, com suas variações inusitadas, que tanto criam imprevisibilidade de ação a curto e médio prazo.
 
Resposta do problema de xadrez de Machado de Assis, conforme publicado na revista Ilustração Brasileira:
 

 
Imagens históricas: Biblioteca Nacional e Hall da Fama do Xadrez.

 

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